quinta-feira, 26 de julho de 2012

SOURE, A CAPITAL DO MARAJÓ

"Viajar é a experiência de deixar de ser quem você se esforça para ser,e se transformar naquilo que você é."


Muita gente nunca ouviu falar em Salvaterra e Soure. São cidades da Ilha do Marajó, tão desconhecida de nós, brasileiros. São 16 municípios no arquipélago e possui o maior rebanho bufalino do país, com cerca de 600 mil cabeças.


 Depois do almoço, a van, da Mururé  nos levou até o porto onde pegamos uma balsa para atravessarmos para Soure. O movimento é grande, de pessoas e mercadorias, carros e caminhões se espremendo para não perder a hora. Centenas de pessoas usam a balsa para atravessar o Rio que separa as duas principais cidades do Marajó. Soure é chamada de capital do Marajó, mas na realidade a Ilha pertence ao Pará, portanto Belém é a capital de todo o estado. Há quem pretenda fazer de Marajó um estado ou território independente... 


Atravessar essa passarela de mais de 300 metros sobre o mangue e chegar à Praia de Barra Velha não foi muito fácil. O corrimão, cheio de farpas, deixou algumas lembrancinhas nas minhas mãos, mas valeu a pena.. 

 






A imensa praia parece quase deserta, pois as pessoas ficam mais próximo aos bares e barracas, dando a sensação de infinito. O calor é arrasador!

                 Este curioso Posto de Saúde fica na praia e atende aos moradores e visitantes.

Voltamos pela mesma passarela, observando as raízes do manguezal, que ali se denomina mangal e, de van, fomos para o centro de Soure. Casas simples, muitas sem reboque, ruas asfaltadas e esburacadas, lixo espalhado. A impressão é de abandono do poder público...
Nosso guia Ezequias, que trabalha para a Pousada, vai nos explicando toda a história do Marajó. Ele tem conhecimentos de sobra. Já morou na Alemanha, fala francês e alemão e ama sua terra e sua gente. Trabalha ali por opção e por amor.
Chegamos à um curtume, onde são comercializados peças simples de couro de búfalo. Ficamos sabendo que os primeiros animais que ali chegaram vieram da Itália e depois outras raças se desenvolveram e apareceram por lá. A história não tem muita comprovação, mas hoje são 4 raças que se  diferenciam pelo tamanho e formato dos chifres circulam pelas ruas da cidade. Alguns são abandonados pelos donos e vagam pelas ruas como cães vadios.
Observem a diferença dos chifres das 4 raças de búfalos:  Carabao, Mediterrâneo, Jafarabady e Murrah.

 Os búfalos são dóceis e nunca houve um ataque a humanos, mesmo estando soltos por toda a cidade.


                                                      Ao fundo um serviço de manicure..

Compramos algumas peças em cerâmica e vimos o trabalho do Ronaldo e sua esposa que fazem o mesmo artesanato primitivo da cerâmica marajoara de seus antepassados, usando dentes de animais, ferrão de arraia e cores naturais, como o caulim e o argelito, assim como o polimento final feito com breu de jutaí.


Hoje o produto está industrializado, mas esse casal mantem viva dessa tradição, que é o maior legado da civilização marajoara.


Dali partimos para a Praia de Pesqueiros, onde uma paisagem incrível nos aguardava. Os bandos de urubus dão uma impressão errada do lugar. Quando as águas doces e salgadas se misturam, a mortandade de peixes é grande o que atrai as aves carniceiras, assim como os curtumes de Soure. Ninhais nas grandes árvores ajudam a proliferar os bichos que tem alimento farto. Soubemos que quando os peixes escasseiam costumam comer coquinhos inajás e outros, como forma de sobrevivência.

 Mais uma praia imensa. o vento quente e as águas doces  e mornas de Pesqueiro não deixam dúvidas quanto a riqueza desse lugar ainda inexplorado pelo turista tradicional.
 Neste bar o tecnobrega rolava solto...  A pintura na parede, as máscaras, o chão de madeira e banheiro impraticável mostravam que estávamos mesmo em Marajó.

O sol já estava se pondo quando atravessamos de balsa para Salvaterra. O movimento era maior que pela manhã. Mas tudo a seu tempo, sem estresse e sem correria... Bicicletas, búfalos, cavalos marajoaras, frutas pessoas... tudo junto e misturado no porto de Soure.... E as águas prateados para nos encantar.
E no final do dia, um belíssimo jantar e um show folclórico de alto nível.O Carimbó, o Lundu, a  sensual Dança do Boto,  o Siriá,  da Matinta Pereira, do Peru, da Vitória Régia e tantas outras do rico folclore amazonense e Marajoara. O ritmo é alucinante em certas músicas e o calor escaldante faz os dançarinos derreterem de tanto suar.

                        Catarina e Jodauro deram show, dançando todos os ritmos Paraenses


               Os pratos servido no jantar são de dar água na boca. O chef arrasa na decoração.

Amanhã é outro dia....

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